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Oficinas de Direito e Saúde marcam a V Etapa do 3º Grau Indígena
Oficinas de Direito e Saúde marcam a V Etapa do 3º Grau Indígena
02/09/2003 15:59:22
por Coordenadoria de Comunicação Social

Terminou no dia dois de agosto a V Etapa de Estudos Presenciais do 3º Grau Indígena, um projeto pioneiro na América Latina que funciona no campus da Universidade do Estado de Mato Grosso, Unemat, em Barra do Bugres, a 160 km da capital.

Iniciado em julho de 2001, o projeto tem por objetivo a formação e a habilitação de professores indígenas para o exercício docente no ensino fundamental e em disciplinas específicas do ensino médio em suas aldeias. Ao longo desses dois anos tem apresentado resultados surpreendentes com ampla participação dos professores indígenas nas atividades propostas.

“Nós temos hoje um saldo positivo no ensino-aprendizagem dos professores índios e também do trabalho que tem sido desenvolvido nas aldeias. Percebemos uma melhoria expressiva na qualidade do ensino em relação ao início do projeto em 2001”, conta o coordenador do 3º Grau Indígena, Elias Januário.

Os acadêmicos também concordam que a melhoria foi grande. ”Antes da faculdade tínhamos muita dificuldade em trabalhar com os alunos nas aldeias. Com o conhecimento adquirido nesses dois anos o rendimento dos alunos hoje está em torno de 80%, e nós pretendemos chegar aos 100%”, conta a Pareci Nilce Zonizokemairo de Tangará da Serra, cidade a 240 de Cuiabá.

O curso funciona em regime seriado especial, nos meses de janeiro e julho de cada ano. Desde a realização da segunda etapa, os acadêmicos têm desenvolvido atividades de estágio nas escolas de suas aldeias, aproximando ainda mais o projeto da realidade vivida em cada comunidade indígena, o que contribui para a consolidação de uma educação escolar específica e diferenciada que atenda aos anseios de cada povo.

Qualificação

Com duração de cinco anos, o projeto oferece cursos superiores nas áreas de Línguas, Artes e Literaturas; Ciências Matemática e da Natureza e Ciências Sociais, mas o coordenador garante que há um anseio muito grande por parte da Universidade em estar abrindo novas vagas.

De acordo com Elias a coordenação já está com um projeto montado e em negociação com o governo para que no próximo ano possa-se abrir mais 50 vagas. “Temos também planos para a formação continuada, que é uma das reivindicações de nossos acadêmicos. Esperamos que ao término desse projeto em 2006, nós possamos estar ingressando-os em uma pós-graduação”.

Formar quadros docentes em MT também faz parte dos objetivos do projeto. Os professores que vêm de fora sempre trabalham com dois profissionais da Universidade, para que ao fim do projeto possa-se ter um corpo docente habilitado para trabalhar com a questão indígena no estado.

A previsão é de que ao final do curso a Unemat tenha, aproximadamente, 100 professores habilitados para trabalhar com a educação indígena. Isso fará com que no futuro a Universidade trabalhe com seus próprios profissionais, não dependendo, assim, de professores de outras instituições.

Oficinas

Proporcionar aos acadêmicos do 3º Grau Indígena formações complementares para sua atuação como gestores na área da educação, bem como instrumentalizá-los para as reivindicações de seus direitos como cidadãos foram alguns dos objetivos das oficinas de Saúde, Direito e Gestão Escolar realizadas durante os dias 14 e 15 de julho.

Durante dois dias os acadêmicos índios receberam informações acerca do direito ambiental e do consumidor, alcoolismo e a aplicação do Fundef, em forma de aulas expositivas ministradas pelas equipes de professores da Unemat ligados ao Instituto de Ciências Naturais e Tecnológicas, ICNT, e Faculdade de Direito, Fadir, Escola de Saúde Pública e representante do Ministério da Educação, Mec .

As oficinas de direito foram realizadas pelas equipes formadas pelas professoras: Benedita Ivone Adorno e Maria Luiza Ramos Faro, do bacharel em Direito Ronaldo Krause, e das acadêmicas do curso Márcia Ferreira de Souza e Valéria Soldá de Lima.

Munidos com a Constituição Brasileira e a Cartilha de Direitos do Consumidor, os professores índios debateram questões relacionadas ao Direito do Consumidor. Situações do cotidiano foram levantadas para exemplificar sua aplicação. Já na oficina de Direito Ambiental, o ICMS Ecológico e Áreas de Conservação e Proteção Ambiental versus Terras Indígenas foram algumas das temáticas levantadas.

Sendo a segunda participação da Fadir em atividades complementares do 3º Grau indígena, o evento vem fortalecer a parceria entre a faculdade e o projeto.

Em outra sala, a oficina de Saúde, ministrada pelas professoras Silmeres Lente, do Departamento de Enfermagem, e Maria da Graças Figueiredo, debatia o alcoolismo. Utilizando recursos audio-visuais, os alunos dividiram-se em grupos para a realização de experiências e confecções de painéis que demonstravam, em recortes de revistas, o ideal de saúde. Uma visão que demonstrou um entendimento holístico do que é a saúde para os acadêmicos.

O 3º Grau Indígena atende hoje professores índios de vários estados do país e de várias etnias, o que totaliza 198 acadêmicos matriculados. Além de Mato Grosso, participam do projeto alunos do AC, TO, AM, AL, SC, RS, BA, CE, ES e PB.

São parceiras do projeto a Secretaria de Estado de Educação, Fundação Nacional do Índio e Prefeitura Municipal de Barra do Bugres.

Leia mais:Alcoolismo é tema de discussão no 3º Grau

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